O poeta e o amor
O poeta é um grande ser fingidor
Capaz de fingir que não sente a dor
Por tão grande quanto essa o seja
Não a sente para que ninguém veja.
Por que fingir, sofrer na solidão,
Sendo que mesmo contrário ama?
Poeta fingidor quer amor e não fama.
Fingindo não amar, fica na escuridão.
É cego o poeta fingidor, não ama
E morrendo de amor se condena.
O poeta é um grande ser fingidor
Capaz de rir chorando por amor.
No entanto, muito sofre, calado.
Sempre a espera do amor verdadeiro
Que não o faça fingir todo tempo.
Rir dói, se queremos chorar primeiro.
O poeta é um grande ser fingidor
Capaz de achar graça da desgraça,
Da própria desgraça do seu amor...