Preta

Nem bem me lembro quando você apareceu

Eramos filhotes quando você me lambeu...

Tudo era simples e descomplicado

Horas a fio, no quintal, do seu lado

A gente brincava e se divertia

Eramos felizes, e você sabia

[O que faço com sua coleira?

E com a ração que sobrou na prateleira?]

Teimosa você era desde o começo

Do meu lar, fez seu endereço

Talvez por isso você se foi agora

Falta-me tão pouco para da nossa casa ir embora

Não sei da sua história antes de mim

Não fico tão triste por você ter ido assim

Lembro de puxar o pano da sua boca

Lembro da minha mãe te dando bronca

Lembro das patadas que você me deu

Lembro dos gatos que você comeu

Lembro que era preta e encardida

Lembro dos pelos brancos nas patas, feitos sob medida

Já lambeu meu machucado

Já me viu desesperado

Em muito me deixou irritado

Mas nunca amargurado

Só um pouquinho preocupado

Quando chegou, a casa estava em reforma

Pode parecer bobagem, mas se foi da mesma forma

A casa novamente em construção...

Pronta! Rebocada! E sem a preta a latir no portão

Arthur Barbosa
Enviado por Arthur Barbosa em 18/11/2014
Código do texto: T5039738
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