Penitência

esse torpor que ascende

com o mormaço de quase-verão

essa névoa tão constante,

ilhada em perguntas

e meus dedos percorrendo teus versos

de claros instantes

quase insignificantes diante teus olhos

essa maresia que chega,

tão ávida, tão pura

e o timbre da tua voz

gritando silêncios, calando meu sono

em retas mal traçadas,

entre poemas-de-corpos-inteiros,

noites e noites

quase todas vazias de Amor,

antes errantes

passaram à espera de dias futuros

d'onde nossos caminhos,

entre curvas,

sob vermelhas-estrelas-de-fogo

se encontrarão.

e em beijos

pele, lábios e sal

íris, metades-inteiras e mãos

desejos e distâncias

ainda, vivo o meu segredo:

consumar nossos passados

de pó e esperança renovar todos os versos

e em paz, adormecer em teu corpo.

ad destinatum

Sed in Angelis.

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 17/11/2014
Código do texto: T5038705
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