Penitência
esse torpor que ascende
com o mormaço de quase-verão
essa névoa tão constante,
ilhada em perguntas
e meus dedos percorrendo teus versos
de claros instantes
quase insignificantes diante teus olhos
essa maresia que chega,
tão ávida, tão pura
e o timbre da tua voz
gritando silêncios, calando meu sono
em retas mal traçadas,
entre poemas-de-corpos-inteiros,
noites e noites
quase todas vazias de Amor,
antes errantes
passaram à espera de dias futuros
d'onde nossos caminhos,
entre curvas,
sob vermelhas-estrelas-de-fogo
se encontrarão.
e em beijos
pele, lábios e sal
íris, metades-inteiras e mãos
desejos e distâncias
ainda, vivo o meu segredo:
consumar nossos passados
de pó e esperança renovar todos os versos
e em paz, adormecer em teu corpo.
ad destinatum
Sed in Angelis.