Poema 0449 - Alma

Soprou amor quando o vento dos deuses chegou na alma,

abandonaria meu escuro sem fazer perguntas,

desci do mundo descalço, seminu e livre das culpas,

das profundezas destes sentimentos comecei a subir,

uma escada íngreme, com fantasmas à solta, perto a paixão.

Alguns destes deuses eram minha alma, donos da vida,

cobrei a suavidade, os sonhos, as flores que plantei noutro peito,

poderia beber quando a sede viesse, mas não, esperei por amor,

entreguei minha tristeza quando cheguei perto deste suposto céu,

comprei com carinho a essência da vida, voltou a alegria.

Vesti meu corpo com a paixão que não me foi imposta,

dei luz às trevas que o novo amor me emprestou,

soltei os ventos no meio de um deserto que fui outro dia,

imaginei quanta areia carreguei em forma de pecados que não cometi,

chorei ao pisar na terra da paixão, é como voltar antes de morrer.

Sou homem alma, inflamado por um amor que volta a queimar o peito,

salvo as tentações de um caminho que julguei fechado,

depositei em um altar qualquer minha solidão, soltei meus fantasmas,

até que um dia seja infinita a alma que me foi presenteada, amo,

ainda que nenhum ser possa ver sua alma, sinta, como eu a paixão.

14/09/2005

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 14/09/2005
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