Amor II - Humano

Encontrei em mim humanidade

Clara e quente como a areia

Banhada pelo sol da tarde

Estúpida e fria como a cadeia

A mesma cadeia que prendeu-a

Iludindo-a com falsa liberdade

Encontrei esta odiosa humanidade

Que eu nunca conhecia

E, por Deus, nem tinha vontade!

Pois que me deixa patético

Cataléptico em tenra idade

O peito em chamas, a pele fria!

Encontrei perversa humanidade

Sinistra e vil, voraz e torta

Que mostrou-me nu e frágil

Em lágrimas que escorriam

E pela boca me desciam

Quando eu louco, porém ágil

Sentia seu gosto de ansiedade

Bebia tudo com voracidade

E cuspia apenas a palavra morta

Encontrei-a maldosa, desonesta

Vilã, traiçoeira e funesta

Esta moléstia, a humanidade

Que eu preferia tê-la deixado

Escondida num canto, num vão ou num lado

Para mofar no olvidamento

Para morrer no profundo de mim

Para que eu pudesse, enfim

Não sofrer por teu doloroso

E também, assim, furioso

Atroz desaparecimento

Encontrei-a, sim, encontrei

Mas hei de desencontrá-la

Pois perdi muito sangue e chorei

E sequer pude reencontrá-la

Pois veio com força e má

Veio para me matar

Este monstro inumano

Esta, cheia de engano

Pérfida humanidade

Áquila Teófilo
Enviado por Áquila Teófilo em 11/11/2014
Reeditado em 11/11/2014
Código do texto: T5030781
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