A PRAIA
A duna tem a curva macia de teu seio
e idêntico frêmito
na areia que o vento acaricia.
Do outro lado, o esconderijo
onde o sol, apenas, vigia.
O mar rumora dentro da concha azul.
Impudicamente nos amamos
sobre a colcha de areia
na manhã clara e pubescente.
Somos dois animais em delicioso cio,
sem tempo de cânticos
nem de românticas ternuras
na pressa do amor
e no temor da espreita,
num silêncio acumpliciado
em que eu mal respiro,
em que tu mal respiras...
E no tremor do gozo, penso
que entre uma onda e outra,
sobre a praia,
devem amar-se assim
as tatuíras...