Ícaro
Rua negra de portas cerradas.
Percorri-a e provei o chão e o limite.
Encontrei-te e eras também sombra.
Tudo o que tocavas se perdia,
tudo o que amavas morria,
tudo o que a ti se juntou perdeu o jeito e o voo.
Quando, radiosa, a manhã chegou já não te sabia.
Eras o fim do labirinto,
a voz que, sibilina,
ardeu em mim e me deu asas.
Muito alto, na vertical da agonia,
o sangue é azul e os gritos não se escutam.