Ícaro

Rua negra de portas cerradas.

Percorri-a e provei o chão e o limite.

Encontrei-te e eras também sombra.

Tudo o que tocavas se perdia,

tudo o que amavas morria,

tudo o que a ti se juntou perdeu o jeito e o voo.

Quando, radiosa, a manhã chegou já não te sabia.

Eras o fim do labirinto,

a voz que, sibilina,

ardeu em mim e me deu asas.

Muito alto, na vertical da agonia,

o sangue é azul e os gritos não se escutam.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 06/11/2014
Código do texto: T5025598
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.