Escuro

Em lugar íntimo que não sei

registo as sombras e as mágoas.

Muitos foram os tons de negro

ou a ferrugem nos dias

que marcaram de violência o começo.

Limos, teias, fios saíram de todos

onde pousei o olhar.

Enredaram-me, rente ao chão e

inúteis as asas foram tropeço,

e houve lágrimas no lastro do tempo.

A juventude, a beleza, a força e a sabedoria,

jaziam tapadas de lama, fuligem e pó.

Sobreviver implicou seguir,

por caminhos errados, o destino.

Todos os olhos eram cegos,

todos os corpos gelados,

todas as bocas foram fonte de dureza ou silêncio.

E tu tardavas.

Quando contigo veio luz, já não te esperava.

Eras o barco que me queria navegar

e eu o mar inexistente.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 04/11/2014
Reeditado em 04/11/2014
Código do texto: T5022804
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