Ciúmes Irados

Tenho ciúmes da tua roupa que te veste e cobre,

Colada ao teu corpo nu de princesa endeusada,

Tenho ciúmes dos teus sapatos que te calçam,

Resguardando teus pés dos meus beijos arrebatados,

Tenho ciúmes dos olhares estranhos que te cobiçam,

São uma afronta sem pudor ao meu amor por ti sentido,

Tenho ciúmes da almofada onde poisas os teus sonhos,

Por saber em primeira mão o que de mim querias,

Tenho ciúmes da tua camisa de noite em seda macia,

Por te acariciar continuamente esse corpo que tanto anseio,

Tenho ciúmes quando bóias serena ao sabor do mar azul,

E de não poder compartilhar as tuas confidências nele tidas,

Tenho ciúmes do ar que respiras e que te sustenta a vida,

Por não poder ser tão indispensável como ele o meu amor,

Tenho ciúmes de mim por sonhar constantemente contigo,

Deixando-me sem tempo para te acarinhar como era devido,

Tenho ciúmes da brisa que te afaga os sedosos cabelos,

As saudades que tenho deles a passar em minhas mãos,

Tenho ciúmes das flores que contigo competem em vão,

Pois a beleza a que elas aspiram não é de mais ninguém,

Tenho ciúmes do Sol que te ilumina tão arrebatadora,

Se eu conseguisse com meus pobres poemas tal enaltecer,

Tenho ciúmes do que avista o teu imaculado olhar além-mar,

Pois ansiava além de mim não teres mais para onde olhar.

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 03/11/2014
Código do texto: T5022009
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