Coração Silente
Assim é o meu coração, silente
Infracto em seu leito de enchente.
Sua feição soturna oculta uma bambinela
Quimera! Exclamam os que espreitam esta tela.
Até quando serei o homem de ferro?
- O amor chegou! Ouvi um berro.
Os carneirinhos do céu, assustados, correram
Sumulando meu espírito baldio, empeceram.
Perante o amor torno-me vitrificável
Ao invés de estrelas (dote lastimável)
Avisto lágrimas e ouriços de sangue
Recognitivos anjos transbordam deste mangue.
Nas mentes fétidas cravarei egretes
Cometas capturarei, fundindo-os em braceletes
Na intensão de provocar-te, gigante louçã
Em meus sonhos posso até beijar-te os lábios de maçã.
Amo-te. Quero dizer-te ao pé do ouvido
Mas, o meu coração é silente, inibido
Lembra? Cabeça, braços, áurea e pernas de ferro
A volúpia destes versos, a sete palmos enterro.
Barbosa, Lauro Gabriel.
Poemas/Lauro Gabriel Barbosa. - 2001