O amor rouba a cena

São nove e pouco da manhã,

chove, aqui no sul do mundo;

Só agora despertei para a vida,

Ouvi o resmungo; vagabundo!

É que convalesço um pouco,

recupero de um micro acidente,

ao trabalho faço ouvidos moucos

mas, breve me retoma, o batente...

até a poesia me lança em rosto,

que a essa hora deveria ter filho;

daria muito bem pra ter composto,

mesmo que algo tosco, sem brilho...

mas, tem horas que a alma medita,

em viver ou morrer, entrada, saída;

ignoro motes que inspiração me dita,

assim, se não to a fim, de fronte caída...

mas, inspiração não desiste, tagarela,

essa magrela sabe bem o meu fraco;

inspira alguns dísticos pensando nela,

pronto, eis o forte Hércules, num caco!

Então privado daquela veia mui calma,

Mergulho no poço dos velhos temas;

Pois, ela tem a chave da minha alma,

seus olhos, a fonte dos meus poemas...

agora, nove e muito, já são quase dez,

eu pensava na vida, ela roubou a cena;

conclusão necessária, nenhum stress,

minha vida, pois, é a minha pequena...