Poema (para uma Dama Fantasma)

Eu sinto teu cheiro é de gardênia.

Acaricia-me antes da iminente morte.

Há como eu sofro, uma adaga perfurou meu fígado.

Uma lamina fria e rude retalhou meu peito.

Ai meu amor estou esvaindo um rio de lágrimas...

... E agora tu chegaste, nessa noite cheia de morcegos, e aranhas por meu corpo.

Minha menina de dourados cabelos e lábios rubros.

É minha decadência, meu desfalecer por completo, sinto teu perfume é de gardênia.

Eu me culpo por ser um fraco fechado em um castelo... Castelo de cartas.

Vou correr aos teus braços, e me atirar no precipício de teu colo.

Um sorriso de Eva, tão sozinha no Éden, Ó serpente dos infernos, aparece todas às vezes nas minhas angústias.

Uma canção não apaga isso que penso de nós dois, minha mãe! Estou agonizando defronte de uma águia morta.

Ai Deus onde está a felicidade? Se o amor sumiu deste mundo, e em mim dorme como um lobo!

Estou sangrando o sumo das rosas, e vomito um liquido das orquídeas, sinto saudade do tempo em que as andorinhas dormiam ao meu lado no chão.

Vai, não volta! Fica! Voa ou pra bem longe dos meus olhos e pula na palma da minha mão, ou tira a roupa e fica nua defronte da chama das paixões.

Pai eu estou aqui e sofro todas as noites de solidão.

Mas é bom perceber que na vida todos nunca encontraram uma prostituta honesta?

Tenho vergonha de teu perfume de jasmim, elegi o de gardênia, ó gardênia, gardênia, gardênia volta para os céus de infinidade branca e de trevas...

Meu bem de eras remotas e de ambiguidade, como não ver em tua face um traço dos anjos?

Estou numa casa, sentado de frente para uma janela, tenho um charuto nas mãos, dos meus olhos saem vinho, durmo, acordo e vou ao jardim, vejo os beija-flores, retorno para a casa, pego um revolver, coloco uma bala, brinco com meu filho, o faço dormir, e durmo também... Agora a luz apagou-se e só me restou à neblina de loucura e horror.

Meu amor volta, porque, aqui estou aleijado e dorido na lama que me traga devorando meus braços e mente.

Meu amor... Há Deus! Porque, não fala comigo desde o pó?

Aqui faz muito frio, e meu amor está distante dos tristes afagos, vou morrer menina, minha irmã, ai profundo do abismo de gafanhotos e vermes.

Meu amor o teu perfume eu lembro-me é de Gardênia, com champanhe nas pétalas, meu amor, minha rainha, minha virgem de negridão misteriosa, meu oculto sagrada, minha Hera de tempos passados... Perdoe-me se feri teu peito, e ele arfou sem ar, e tu agora estás morta, e não sabe...

Francesco Acácio
Enviado por Francesco Acácio em 28/10/2014
Reeditado em 28/10/2014
Código do texto: T5014883
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