As duas faces do amor

As duas faces tem o amor em pele

Sente, chora um pouco, não se restringe

São cobertos de densidades emocionais

Onde o prazer se consome, e não finge.

A primeira face é recôndita, se entrega

Sorri ao vento de norte a sul, integrante.

Não economiza saliva para falar de amor

Não se arrepende, não ignora, é permanente.

A segunda face é gelante, não expressa nada.

Mas, ama perdidamente o gosto de gostar.

Se embola, hipócrita! Gosta de causar

Junta olhares dengosos a quem quer enganar.

A primeira rega amor com gotas de lágrimas, sem curvas.

Enche-se de verão, com as rosas, que ilumina as ilusões.

As músicas são românticas e melosas, às vezes doídas.

Engloba enchentes de carinhos, de singelas seduções.

A segunda usa o instrumento, enregeladamente

Ri, macabramente, dá gozadas sistemáticas do outro.

Apanha e bate, bate e apanha, gostosamente.

Se atira na noite descalça, com chuva e relâmpago.

A primeira colori o jardim cinza, com cautela

Se pudesse com o dedo, ensentimentado.

Manuseando colorações transcendentais

Vislumbrando o rosto do doce amado.

A segunda dá de ombros de soslaio

Sai de cena depois da marretadas lascivas.

Não se importa, ignora a dor, desaparece

Marca espaço no arranjo de buzinas.

A primeira é apaixonada por virtudes

Não mede esforços para amar alguém

A segunda gosta de brincar de amor

Quando vê, nada sobra, nem ninguém.

Belly Regina
Enviado por Belly Regina em 23/10/2014
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