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E
u e Você
 


Não precisamos quebrar o silêncio,
Nos comunicamos através dele.
Entendo cada erguer de sobrancelha,
Cada centelha que te queima
E que te aquece.
 
Ah, não cresce, menino!
Vê se não cresce...
 
Deixa que aquele riso antigo
Que um dia eu conheci
Permaneça sempre pronto
Entre os seus dentes,
Brincando, sem medos,
Na sua boca!
 
Eu e você nos entendemos,
Nos desentendemos,
Quebramos a louça,
E eu fico louca,
E você me cura,
E você fica louco,
E eu te curo,
Mas nunca ficamos irremediavelmente
Curados.
 
Nós nos enxergamos,
Sempre encontramos um ao outro
Em qualquer imenso e negro palheiro,
Pois brilhamos no escuro,
Farejamos um ao outro qual cães perdigueiros,
Conhecemos nossos cheiros.

Nós nos atamos,
Nos desatamos,
Nos quebramos
E nos colamos.

Escutamos o bater ligeiro
Dos nossos corações
Acima de qualquer ruído,
Por mais que desesperados,
Perdidos ou desabridos.
 
E jamais se esqueça, menino:
Vê se não cresce,
Sobreviva a cada dia com a força oculta que, sabes,
Paira acima de qualquer peleja
(Embora dela te esqueças...)
Mesmo assim, não cresça,
Não se atreva!...




 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 22/10/2014
Reeditado em 22/10/2014
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