Diante do amor

Diante do amor

Diante do amor, tudo é ridículo!

As palavras parecem compradas;

os gestos se tornam saturados;

acarinha-se com mãos calejadas e,

depois, beija-se com lábios melados

de vícios e, às vezes, seco de vida.

O amor quer tudo, menos o óbvio!

Toda novidade termina na saideira;

No boteco e no papo informal;

no nervosismo do primeiro beijo

e na ansiedade dos corpos.

Diante do amor, tudo é ridículo!

O Poeta que afaga com metáforas;

o bêbado que chora com sonhos;

o romântico que calcula as estrelas

o trovador que canta com a lua;

os amantes que se prometem na noite.

O amor é tudo, menos a certeza!

O sono não tem hora para dormir;

a fome não se mata com prato cheio;

a sede não se sacia nas cacimbas;

o frio não se aquece com agasalhos.

O amor é o contrário que tudo

É o avesso que está ao inverso

O antagônico que é contraditório

É o lado oposto do adverso

O amor é só isso, apenas isso!

Mário Paternostro