PANTERA NEGRA

Mata virgem e serena

Por onde corre, leve e solta,

Livre, bela virgem, nova Iracema,

De olhar forte, lábios marcantes,

Mãos delicadas, de tez morena.

Andas pelos campos

Como uma fera selvagem

Despertando sentimentos,

Desvendando na noite,

Segredos soprados na aragem.

Grácil és no andar,

Seu corpo nu, a desfilar,

Na cachoeira a se banhar,

Num ritual de delírio,

Sensual que faz sonhar.

Namoras o vento, a lhe soprar

Os negros cabelos de graúna

Que se esparramam pelo seu corpo

Acariciando-lhe de leve, aviltando

Todas as sensações do seu pensar.

Os lábios, entreabrem-se em suspiros,

Seu peito a arfar, em ebulição

Palpita, todo seu ser se agita

Assemelhando-se a um vulcão

Quando prestes a entrar em erupção.

Levitas na sua beleza

deixando a par de sua pureza

quando, no calor de seu amor,

entrega-se ao delírio do ardor

com a força selvagem

de uma pantera negra.

Incitas em mim, me feri...

A buscar seu amor, seu calor...

Foges do meu alcance, jogo

de pura sedução, cheio de dor

enfeitiçado estou, sou novo Peri...

Aconchego-me no seu seio,

nos seus lábios, todo mel quero sorver,

provar de seu favo, sua amora...

Aquecer-me do frio no calor

do seu fogo, que me queima de prazer.