Estradas de Sol

Um idílio em novos tempos
Mas cheio da poesia antiga
Que perdida jaz na areia levada pelos ventos...
Eu, que do mundo me retirei
para nada mais fazer que não fosse amar...
Amar a luz do mundo que para meu mundo roubei...
Eu, que louvei em poesia a paz ainda desconhecida do mundo
mas que eu sentia em ser governado por um só justo rei
Hoje, enfrento a tempestade do deserto
Deixo que a areia corte minha face
e se me permitir a vaidade em mim
Hei de revelar-me sem disfarce...


I- Poucos entenderão esta lenda em poema
mas saber do que se trata, não é a energia
que trará a luz límpida e transformada...

Tudo começou durante a noite
Nas lagrimas de uma forte mulher
Com mais estratégias do que fé
Ensinou-me a erguer a cabeça
E mesmo que doloroso colocou-me de pé.

Mães, louvado sejam os ventres que geram vida!
Mães que guiam, e quando maduras as nossas asas
Nos empurra para a queda no mundo...
Mães de deuses, que sabem à hora certa
da água tornar-se vinho
a hora certa de a pequena águia deixar o ninho
que convence simples homens de seu glorioso destino!
Mãe que me foi farol...
Que fez de seu filho tão forte
capaz de carregar sobre a cabeça a gloria do Sol!

II- Ainda ser obscuro
escondido do mundo dourado em que nasci
um reflexo destorcido do perfeito
Somente a noite me recebia e não temia meu defeito...

Quando a serpente se mostrava
os predadores ocultos nas sombras caçavam
diante o disco de prata, no silêncio do mundo
eu descobri o amor...

Ele me zelava na luz fria que iluminava
O Criador dormia, mas me guardava...
E quando “Ele” nasceu, seus raios me abraçaram
ao mesmo tempo em que fazia os montes fumegarem
trazia vida e escondia em luz, do homem, a sua imagem...

Nasceu e colocou-me uma coroa e deu-me um cetro
E eu não fui o Rei Sol, ousado herege , defensor da verdade nua
Eu fui o Rei Lua, como ela, eu refletia a luz de meu senhor
E por mim, somente por mim, todos poderiam gozar de seu amor!

III- Me bastava o calor de minha fé
A voz doce que me soprava aos ouvidos
Tantas melodias...
Um mundo perfeito ao homem restituído...

E mais uma vez uma mulher me acolheu
Cuidando do mundo do rei, que para tantos, enlouqueceu
A fé sempre foi mais rentável que a prata e o ouro
As multidões já sustentavam vendedores de ilusão
antes do mar abrir, desde que uma soberania intocável mostrou-se na criação!

Mas quando eu fiz a beleza da rosa unir-se a vida da cruz
Quando contei ao meu mundo que o sobrenatural
Era palpável a cada amanhecer... ao Nascer de meu Senhor, O Sol
Homens que comiam da fé dos inocentes tramaram durante o sono do criador
Roubaram-me uma flor com outra flor...
Uma rosa apartou de mim, a rosa mais perfeita de meu jardim... Meu amor!

E quem cuidaria dos povos
enquanto o rei queimava sua pele na Luz de seu Deus?
Quem afagaria as chagas de homem solitário
que entregava-se ao amor da criação, mas olhava os vivos de soslaio?

O Sol abençoa com vida e na sua falta perece o homem
quando nuvens negras esconde sua face
ele faz cair sobre a terra suas lagrimas fertilizadas...
Mas esse mesmo Deus mata!

O homem, tal como o Criador, é constituído de duas faces
de braços dados com o bem e com o mal passamos pela vida
E o Sol, a mais bela poesia, não foi somente o deus de amor que abençoou...

Eu fui, mesmo nas horas mais santas, adoecido pela vaidade
Fui à vingança contra o mundo que condenava minha face
Não lhes dei um deus, lhes mostrei que meu Deus era o único
Não por amor , e sim por rancor... Enlouquecer, foi perceber o que preguei
A verdade nua e crua...
Que eu não era nem se quer a Lua
era tão somente um indigente que na escuridão
compreendeu os mistérios mais profundos do firmamento...
fiz girar no tempo da pedra a roda do tempo
E por ciúmes do Criador, tranquei os segredos da rosa em um templo!

Fas

 
Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 19/10/2014
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