VERSOS INFANTIS
VERSOS INFANTIS
(Ivone Carvalho)
Construí, por tanto tempo, versos infantis,
Simples, sem esmero, nada magistrais,
Cantavam sonhos de um amor que eu vivi,
Sozinha, na mente, sem correspondências vitais.
Vislumbrei-me poetisa e, à pena, ditava a poesia,
Arrancava-as de uma alma feminina,
Ora chorando, ora triste, ora cheia de alegria,
Ora revelando a mulher, ora a menina.
Não podia ter revelado a minha alma!
Dei azo a sentimentos indesejáveis.
Ao expor-me, semeei lágrimas e traumas,
Se calasse, guardaria lembranças invejáveis.
Escrevi poemas que me levaram ao desencanto,
Pudera! Por que me travesti de poetisa?
Guardasse, eu, no coração, o meu pranto,
Não transformava um carnaval em puras cinzas!
Do meu livro "POEMINANDO", Editora Arte Literária, 2006