Quimera
Fico encantada com o vento de outono.
Passa ligeiro, arrepia e vai embora.
Sequer instala o gosto amargo do abandono
pois jura a volta como brisa em outra hora.
Às vezes chega, sem aviso de mansinho,
aragem leve que desliza e faz sonhar.
Na ventania conduzindo em torvelinho,
sem nenhum medo assim que deixo-me entregar.
A emoção que pouco a pouco experimento,
seja verão, outono, inverno ou primavera,
faz-me cativa, apaixonada pelo vento.
Guardo em mim doce segredo, uma quimera:
Se eu pudesse tê-lo aqui todo momento,
Se eu pudesse, meu amor. Ai quem me dera!