MESMO QUE SEJA UM NÃO...
Não! Não é concretude,
Nem tão pouco abstração,
Mas efêmera realidade,
Não se trata de maldade,
Ou benevolência em vão.
Se houver palavra que expresse,
Com tamanha perfeição,
Essa eu não conheço,
Afora a licença poética,
Onde não se fala em ética,
Apenas em condição.
Na rotina de uma lágrima,
Seja de felicidade,
Ou de infelicidade,
Que se converte em abraços,
Ou mera solidão.
Mesmo que oculte a face,
Ou em sorriso se disfarce,
Lá estará então.
Esse sentimento híbrido,
Flexível ou misto,
Por vezes rancor de mentira,
Noutras resignação desmedida,
Apenas sem exceção.
Comporta que rompe,
Que pouco a pouco corrompe,
Transformando os maduros em tolos,
Heróis em covardes ao expô-los,
A quem lhes domina com uma das mãos.
Febre que a alma lhe queima,
E mesmo febril ainda teima,
Em lançar o olhar que implora,
Mesmo quando em reflexo alguém lhe ignora,
Com qualquer palavra... Mesmo que seja um não.