de manhã
para belalu, uma índia paranava
de manhã
quando você aparece
o espetáculo inicia
a menina resplandece
a mulher se distancia
a pureza esmaece
o brilho da fantasia
minha noite reconhece
o desabrochar do dia
de manhã
quando você vem e fala
meu desejo é te beijar
mas a vergonha me entala
e eu começo a gaguejar
meu coração me embala
e eu pareço flutuar
mas o meu peito se cala
pra que eu não possa pensar
de manhã
quando você me ensina
como se deve sorrir
como que é que lá de cima
nunca se pode cair
como a voz que domina
nunca é a que sabe pedir
vejo que de ti, menina,
é impossível fugir
de manhã
quando você e a inocência
as margaridas encantam
enquanto com a minha demência
elas se desencantam
quando aquela ardência
de seus olhinhos imantam
os passarinhos treinados
a te adorar com o que cantam
de manhã
vejo enfim que és minha
e eu de ti sempre serei
seja da noite a rainha
seja do dia eu o Rei
Rio, 25/09/2006