JÚLIA INDAGA AO VENTO
POEMA DE 26 DE SETEMBRO DE 2011
REPUBLICAÇÃO
Onde, vento, o meu amado,
em que prado
em que jardim antigo
sob que céu, absorto
e a que lua o seu lamento.
Com que nuvens conversa,
vento, o meu amado,
que respostas o acalentam
e que sonho repentino
o faz dormir.
Vento, me diz, com que visões
constrói o meu amado, o seu ninho
e com que voz ele canta, vento,
a evocar... a evocar... a evocar...
as presenças na noite
que lhe façam coro
diante das divindades
sempre atentas aos humanos chamados
sempre a aguardá-los, a tais chamados,
para que possam elas mesmas existir.
Se puderes, vento, leva a ele,
ao meu amado, a minha voz precária
e só, esteja ele, o meu amado, onde estiver.
Leva-me a ele, vento, não o deixes esquecer.