Vento de sal
Enquanto é madrugada
Quero pisar teus passos
Morar em ti
Insólita e latente
No leito calmo da noite.
Quero seguir assim
Sem saber mesmo quem sou
Fagulha ou semente
Ou para onde vou
Aurora ou poente.
Quero despertar em ti
Até que todas as luas se apaguem
E que se toquem nossos pés.
Quero ficar em ti
Na eternidade das manhãs
E que seja sempre setembro
E virão todas as primaveras.
Assim, um vento morno de sal,
De algum lugar do Atlântico,
Estará sobre nós.
Desde a madrugada,
Quero pisar teus passos.