Estou só
Estou só...
Ao lado, o copo vazio descansa sobre a mesa,
um cálice, um véu, um corpo desfeito em sombras,
na noite que envolve o mundo no brilho de suas estrelas,
não sou, nem sei se serei, essa minha única certeza.
Mais um trago...
Pensamentos fugidios no vazio que alimenta meu ego,
sonhos desbotados maltratando em pontilhados passos
o real negado por um corpo circunciso e confesso.
Busca e procura...
Não sei o que sou, muito menos o que quero,
olho ao lado, o vazio instalado em monótona estadia
e o sol se põe, mais um dia levando consigo o que espero.
Um som, um canto...
A lua trazendo a noite que envolve meu corpo,
o escuro, sem sonhos, nada além do vazio
e o nada que seduz o tempo nesse vale repousante e morto.
Um suspiro...
Fecho os olhos na retina que guarda o mundo
e o desejo daquilo que talvez será,
no dia que amanhece as negras faces da noite
sem saber ao certo o sentido que tudo terá.
Estou só no canto da noite...
Nada sou e nem sei se um dia serei,
restos de madrugadas enroladas em velhos lençóis
e o copo sobre a mesa a afogar o último trago que darei.
21/01/2007