Algo para abafar o ruído.
Eu ouvia os pingos da chuva nos telhados
E podia sentir cada gota escorrendo pelo verde das folhas
Assim como podia tocar teu riso fácil dentro de minha mente
Tão intensamente perto, e ao mesmo tempo perdido
Não sei quantas palavras joguei fora
De repente, me dei conta de que não havia escrito nada
Havia só uma poça de lágrimas sobre o pergaminho aberto
E a figura de um mapa, sem nenhum desfecho aparente
Sim, eu perdi meu tempo, minha voz
Criando de mãos dadas com sua lembrança
Porque não eram só lágrimas, eram memórias
E não era um mapa sem rumo, era uma estrada. A minha estrada.
Por muito tempo eu estive tentando seguir seus passos
Antes que eles sumissem sobre a areia, engolidos pelas ondas
Essas mesmas ondas que molharam meus pés
E que eram tão salgadas quanto minhas lágrimas
O vento trás de volta o teu cheiro
E alguns fios de teu cabelo que eu nunca toquei
Me dou conta que tudo não passa de um sonho
E me conformo a cantar sua música, totalmente fora de tom
Eu desafino, engasgo e alucino
Como uma rosa que espera quieta, guardando minha essência
Torcendo para que o vento o traga de volta ao mesmo jardim
Porque eu ainda sou a mesma rosa.