Caminhos
E o que será de mim sem os teus passos?
Transpassasse minh'alma e agora
Nada me acalma
O fato é desolado, estou consumido
Ou consumado
Vivendo na maresia de um adeus,
Num branco de marinheiro, tudo azul
Rebentação
Sinto que o tempo já não passa
Percebo a vaguidão das horas,
Os instantes
Cinza das horas, braseiros da alma
Enrolo nos lençóis tão frios
E a cama vazia
Tudo é tão frio se você não cora
Tudo está seco enquanto você não chora
Quer saber, decidi mudar!
E farei tudo o que eu queria fazer
Optei por ser mulher de outrem
Vivendo bicho do mato
Fugindo da noite e seu açoite
Vai que fico presa por aí
Urraria e uivaria pra você ouvir
Sei que apelo, mas é que não nego
É apregoado pelas minhas entranhas
Tudo questão de pele, sangue e hormônios
Jurar-te-ei ódio sendo pura
Falsidade, comodidade de quem
Já perdeu
Vá, rega tuas plantas, carnívoras
Isso, segue teus passos, descalços
Olhe a grama, cuidado! Sou rasteira
Não olhe para o lado! Sou traiçoeira
Faço e me despeço com muita facilidade
Sou um pouco mais da mesma
Disseste ser ingratidão, faça não
Pode ser a gota de lágrima
Vai que eu chore e o mundo adore
Deus é um cara gozador, adoro
Quando posso rezo, adormeço
E pesadelos são codinomes de ti
Não serei eu quem vai trilhar teus passos
Sou tão desnorteada, rumo ao espaço
A deriva de ti estou a tangenciar
Aquilo que sempre preguei
As preces que um dia fiz
As pessoas que amei, o que fiz por ti!
Vai, corre tuas léguas, mas vai pela sombra
Não serei eu tua redoma, mas prometo
Velarei com minha voz veredas tuas
Posso até aparecer nua, contanto que
Você se perca de novo em mim
Gabriel Amorim 03/10/14