Fênix



Esporeei o meu cavalo Ventania
Para voar contra o tempo desalmado,
E conseguir um espaço em poesia,
Que falasse só de amor, e bem amado!
E lembrei-me - quem diria - de você!
Que me ensinou a amar, na juventude,
Deu-me espaço, e maior amplitude,
Amparou-me, ao chorar, no seu regaço...
Agora, pelo tempo, já marcado,
Volto os olhos, para vê-la no passado,
E lembrar-me dos momentos venturosos...
Sinto na pele, a chuva fina a nos molhar,
Como se quisesse nosso fogo apagar,
Mas no peito, a chama ardente, abrasava,
E o calor, a toda chuva evaporava,
Condensando sobre nós, um amor maior!
Mesmo sabendo que o passado não existe,
Que a memória é a porta que insiste,
Em se abrir, talvez, pra compensar,
O tempo que perdemos - oh, coitados!
E por ele, nós ficamos condenados...
Mas quem sabe, sob as cinzas, haja brasas,
E qual fênix, nosso amor crie asas,
Para que, em novo voo, possa alçar,
E possamos novamente nos amar!