Meu

Até onde vai a dor dessa chaga aberta que trago no peito,

são meus os tormentos, as angustias, súplicas por paz,

tenho sonhos, desejos, mas tudo se faz decomposto

no centro do que sou nesse mundo tão meu,

de meus conflitos e de ninguém mais.

Paradoxal demência revestindo os sentidos que trago,

vejo meu céu, um firmamento tingido do sangue que me restou,

agônico pleonasmo ecoando em célebre canto num porvir,

serei só, até que a noite recaia sobre o dia que não tem fim

e assim dormirei meu pranto na redundante certeza que ficou.

Lágrimas percorrem minha face que não reconheço mais,

tem seu caminho refeito pelas linhas recriadas a cada dor,

sofro em meus preceitos, cruel lamento, eis meu canto,

uma vida de encantos hoje perdida em tantos "ais",

traçado o destino onde a incoerência profana o amor.

Meu é o grito, o pavor, o medo, a dor que vejo emergir,

procuro pelas mãos que antes se postavam em oração,

ouço a reza, talvez seja minha a voz que o canto entoou,

meu é o soluço, o conflito, o rosto que a lágrima lavou

e o corpo sem vida, sepultura plena sem sequer uma ação.

12/02/2007

Aisha
Enviado por Aisha em 23/05/2007
Código do texto: T498340