Tela em branco!
Na pele nua vem o sol invadindo aos poucos,
quente, caminha lento explorando ponto a ponto,
sobre a areia branca, um corpo afoito,
espera em desejo já sem sentido, atônito.
São tantas tintas jogadas em tela branca,
tantas formas delineando bocas e beijos,
no corpo o arrepio acordando o sonho, a esperança,
enquanto as mãos agarram-se num prazer sem medo.
Um homem amante de corpo em chamas,
um gole de absinto em sentidos, um toque,
mistura de peles no roçar das pernas que não esperam
e mais desejo suando o corpo que quer amar.
Na tela branca a composição perfeita do amor,
sexos expostos em nuances róseas ou seria azul do céu?
Corpos se beijam enquanto vestidos de asas,
seriam anjos os amantes entregues por entre véus?
Uma linha apenas contornando os bicos eretos,
o corpo explode pedindo do desejo que outra boca lhe traz,
o gosto, o cheiro, os sentidos todos despertos
e outra madrugada nesse grito que o mundo faz escutar.
Na tela antes branca, dois corpos mostrando paixão,
caminhos atenuados por asas que o céu faz ganhar,
enquanto a lua se prepara despindo-se de todo pudor,
brilham em estrelas os amantes no mesmo céu que fez sonhar.
Quantas seriam as tintas jogadas na tela do artista?
Quantos riscos mais caberiam pra mostrar o amor?
Assino a obra como amante entregue em hoje sem depois,
enquanto o céu existir, uma tela em branco pede nossa cor.
28/01/2007