Anseios Pueris
Anseio tanto as tuas cartas ao fim do dia,
Que para mim são autênticas cartas de alforria.
Anseio tanto viver plenamente este amor que sinto,
Pois foi o único que me fez verdadeiramente sofrer.
Anseio tanto esta saudade que me avassala por inteiro,
A saudade do amor da minha melhor amiga que me cativa.
Anseio tanto contemplar-te que te procuro sem cessar em qualquer lado,
Procuro-te nas faces das mulheres com que me cruzo na rua.
E assim acho as mulheres agora sempre mais formosas e bonitas.
Anseio ser o meu amor platónico muito perceptível,
Mas não escondo o que de tão belo me fez parecer.
Anseio pelas lágrimas derramadas deste amor sofrido,
Por isso tenho a certeza e sinto que é real e verdadeiro.
Anseio pelos meus poemas de amor parecerem ridículos e patéticos,
Mas não seriam realmente poemas de amor se não fossem risíveis e tolos.
Anseio tanto este amor anacrónico e intemporal gratuito,
Que se possa desfazer algum dia futuro ingloriamente.
Anseio tanto ouvir-te a voz talvez calma e serena,
Num chamamento hipnótico para só a ti te amar.
Ansiei tanto um encontro mágico de amor trágico,
Que agora compreendo o longo tempo esperado.
Ansiei tanto este meu amor incondicional por tanto tempo,
Que mesmo não correspondido ele continuará sempre meu,
E irá comigo para todo o lado e até ao meu derradeiro suspiro.
Anseio tanto este amor não palpável e inverosímil,
Porque no fundo sei que são essas as premissas,
Para que ele possa existir como se fosse milagre.
Anseio tanto amar-te em demasia e em contra senso,
Mas tinha o coração repleto de amor para oferecer,
Acumulado de muitos e longos anos de tanta asfixia.
Anseio pelas tuas palavras doces e ternurentas,
Fiz delas a fonte inspirada da minha vã utopia.