Pobre rapaz (Pobre poesia)

Eu já amei, mas me magoei, ainda lembro-me dos sorrisos delas.

Quanta amargura pobre rapaz, elas também sofrem.

Vivia iludido, às vezes com tão pouco, e chorava, mas na alma.

Não poderia ter sido de outra forma? Eu conhecer esse sentimento que mata-me?

Brincava a imaginar sonhos, dormia sem alegria e depois, nada.

É angustiante ferir com a pupila tua imagem refletida na íris.

Gostava de comtemplar, mas não só de admirar, santas idolatradas afastam os devotos do coração.

O rostinho de cada uma dizia amores aos meus ouvidos, pobre rapaz, vive tão peregrino sem uma terra, nem lar, sem os gozos da aflição.

Todas eram estudantes, hoje não mais amantes, porque, tem um par para compartilhar os medos da solidão.

Enquanto sinto cada vibração dos seus passos, machuca, machuca pensar que esse desfilar de coisas, na cabeça afundará a terra de minha cabeça sem razão.

Isso não é poema, ou poesia, mas não sou nada, apenas mais um alguém, sem alguém, a perambular nas letras de negada sensibilização.

Ó fragrância rara que embriaga os tolos, isso vêm de dentro das amarras, de quem um dia já amou, e morreu desalmado.

Minha bela jovem, não sente medo? Eu sou um pobre moleque que gostava de você, que gostava de molhar a face, que gostava de correr nas praças, mas a juventude chegou, e, nós não provemos da bebida destilada.

Tua boca sorrindo que aflição terrível, me correi, machuca, é sangue que embebido acaba com a doença dos covardes...

Eu sei minha virgem que hoje deixou de ser mãe, como tudo dentro da cabeça é superior aos beijos inegáveis? Sorte que ontem o sol se pós na praia, e acordou bem junto de mim em núpcias aureoladas.

Antigamente eu sentia muito frio, e hoje, não mais, porque, descobri um fogo aprazível entre teus seios, há como é sofrível ser só, ter nascido só, ter que morrer só, e ficar na memória de um alguém só.

Isso foi apenas um sonho pobre rapaz, e isso vai embora logo, e logo voltará para perturbar o ensanguentado coração.

Tua boca, teus olhos, tuas mãos, teus cabelo, tua fala, teu andado, teu assentar-se, teu existir tão em mim, e elas nunca morreram aqui, dentro num sentir.

Chamar-te-ei de minha deusa, e essas coisas loucas de êxtase da entenebrecida raiva.

Há minha deusa eu não te presto culto, não te dou flores, mesmo nisto você sorrir, e todas elas continuam guardadas, nesta expressão de um tolo apaixonado.

Sim sou besta me perdoe, sou antiquado, mas tudo menos desgraçado! E se algum dia fui isso, hoje me autoproclamei, liberto dos meus pecados.

Como a poesia é gostosa, tem gosto de um bom café, de um saboroso bolo, como mel esvaindo no prato brilhado.

Sinto um gosto na boca, sinto um gosto na língua, sinto um gosto bom, amargo, de sal com peixe assado, essa poesia veio da neblina, das conexões nervosas, que querem dizer pra ti, que tudo é sagrado.

Poesia, óleo que encharca a alma, poesia sentimento de melindres, poesia de pobres meninas, que passa batom nos lábios e sai pra namorar nos parques...

Ó pobre rapaz isso tudo faz sentido? É serio que queres casar comigo...? Poesia mulher que se materializa nas letras, que incorpora os mais belos textos, poesia que serve de mediadora do intangível ao ralo, poesia que começa e não termina, poesia mulher que faz amor e dorme calada.