EM ALGUM LUGAR DA VAZIA IMENSIDÃO
Quando realmente
conseguires enfrentar os próprios fantasmas
– em sombras, dúvidas e medos
intrínsecos –
e, sobretudo,
a dura realidade de saber impossível
a concretização das próprias e faustas ilusões,
projetadas às abstratas
exterioridades;
estarei lá,
ao meio do grande deserto,
onde não mais cantam tentilhões azuis
nem voam borboletas
flutuantes
– sem geografias certas,
sem caminhos horizontalizados,
sem sonhos pendurados
em palavras –,
para dizer-te: “assim, querida,
para amar realmente a alguém, basta andar
sem cultivar a inutilidade
das vertigens
e as chuvas
de fogo que caem, dolorosamente,
dos grandes incêndios
das nuvens.
Péricles Alves de Oliveira