(IM)PERFEITA DISTÂNCIA
Caibo no doce Inverno
das noites distantes
Em cada gota de orvalho
que me veste o êxtase
Caibo em todos os silêncios que fazes
quando as duas linhas paralelas
se divergem,
abrindo uma fenda no mar,
fazendo-se necessário singrar
na ira das ondas
Caibo em cada ausência da ilha
quando não deambulas pelas minhas margens
e não recendes o ar que respiro.
Caibo na tua lágrima dentro do nevoeiro
Caibo nos teus gestos enleantes,
Incontido querer do meu corpo
permeável
Em que o gotejar em pleno Inverno
desenha quimeras rutilantes...
Caibo no teu olhar de chamas escarlates
Nesse enlaço febril de alumbramento
Caibo em ti e tu em mim sorrindo
E em cada blandícia de matizes
haurindo...