Apoema

Hoje o clarão se abre

Vejo nitidamente

tornou-se translúcido todo o obscuro

vejo quem sou e quem não quero ser.

Hoje acordou o Apoema

levantou-se cedo, levantou-se antes do novo dia

Apoema despertou-se do torpor

Apoema agora enxerga o que há no fundo do rio.

Apoema vivia triste e enfraquecido

Bebia, comia e dormia, apenas.

Hoje Apoema caça e planta

Apoema ama, planeja e executa.

Apoema sabe que só pode ver o futuro,

Não olha para trás

Só vislumbra o que está longe,

Além do que os demais podem ver.

Apoema vê mais desde que tornou-se livre

Desde que tornou-se livre ficou forte.

Mas, antes de saber-se forte, Apoema já o era.

Porém, sua visão turva fazia-o pensar que era fraco.

Apoema agora anda, nada e voa.

Apoema canta, reza e faz amor

Apoema agora é um rio fluente de carne, osso e espírito.

Antes, na escravidão, era só um lago de dor.

Mamamuchima
Enviado por Mamamuchima em 25/09/2014
Reeditado em 25/09/2014
Código do texto: T4976267
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