Apoema
Hoje o clarão se abre
Vejo nitidamente
tornou-se translúcido todo o obscuro
vejo quem sou e quem não quero ser.
Hoje acordou o Apoema
levantou-se cedo, levantou-se antes do novo dia
Apoema despertou-se do torpor
Apoema agora enxerga o que há no fundo do rio.
Apoema vivia triste e enfraquecido
Bebia, comia e dormia, apenas.
Hoje Apoema caça e planta
Apoema ama, planeja e executa.
Apoema sabe que só pode ver o futuro,
Não olha para trás
Só vislumbra o que está longe,
Além do que os demais podem ver.
Apoema vê mais desde que tornou-se livre
Desde que tornou-se livre ficou forte.
Mas, antes de saber-se forte, Apoema já o era.
Porém, sua visão turva fazia-o pensar que era fraco.
Apoema agora anda, nada e voa.
Apoema canta, reza e faz amor
Apoema agora é um rio fluente de carne, osso e espírito.
Antes, na escravidão, era só um lago de dor.