Doce Utopia
Nunca vou te entender, Doce Utopia.
E julgar-te pra quê, se a fantasia
é o que mais nos liberta da prisão?
Sendo eu tão rebelde, tão menino,
só preciso que sigas, sem destino
até vires na minha direção.
E se fores a brisa — hei de aspirar-te;
sendo vinho — sorver-te, parte a parte
e tocar cada pétala da flor...
Sentirei teu prazer a cada dia,
pois o gosto vulcânico vicia
e não há quem aplaque este calor.
Bem ali, aquecidos, ternamente,
confundindo-se corpos, almas, mentes,
haverá a fusão justa e completa...
A paixão unirá as nossas mentes,
o prazer fundirá os corpos quentes
e as almas farão juras secretas.
Depois disso eu irei por onde fores...
Uns dirão: "Eles são dois beija-flores!"
Porém outros: "São pássaros cantores!"
—Mas os deuses dirão: "SÃO DOIS POETAS!
Buritizeiro-MG, 22 de maio de 2007 - 23 horas