Selva de desejo
Selva de desejo
Cansei da monotonia
Do voltar atrás, todo dia
Dessa cama fria, tão vazia
E quando você me cobria
Puro êxtase, fim da agonia
Jurei por vezes amar por ousadia
Fui tomada por um banho de água fria
Sabe, lembro das nossas orgias
E quando fizemos folia, fomos bem e mal, ousadia
Se te amei demais foi pura alquimia
Teus dedos, teus seios, cabelos, desejo
Pensei que tudo era mentira, fantasia
Terminei provando do doce veneno, vivendo
Numa contigo eterna utopia
É, confesso que fui feliz por um dia
Se trocamos farpas foi porque somos lascas
De madeiras de lei, de mogno-rei, fogo e gasolina
Combustemo-nos noite e dia, embebedamo-nos aprazia
Se for por clima ou paisagem não sei
Te encontrei pensando em miragem
Mirei foguetes e terminei selvagem
Morri de amor sem ter nascido vulgar
Fui mulher em teus braços ou da sorte
Morri como Pietá de bruços, jogado
Açoite, não sei mesmo de onde vim
Se daqui ou dali, Dalí deve me pintar
Se ao te conhecer dei pra naufragar
Em tantas maresias, rodei os portos
Fiquei tonta, enjoada, marinheira com anemia
Atraquei sem medo, sem âncora, sem rima
Procurei mudar o mundo, mudei
Chorei por tantas vezes que sorri
Nadei por entre mares de rosas e colhi
Nosso buquê de epífitas, euforias
Gabriel Amorim 21/09/2014