Praia Verde
Ondas verdes nas copas mansas dos pinheiros, identidade das margens do Mare Nostrum
Ondas e ondas de espuma verde, furta-cores aos beijos do Sol, às sombras do Dia, à Lua doirada da noite estival.
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E eu sinto nos nervos
um apelo que passa
Não sei donde vem
Mas traz consigo
as longas idades das árvores, dos mares, dos peixes
e das aves que me acordam pela manhã
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E das areias que me fogem
da popa à ré
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Na madrugada
saio da tenda a ver a bruma ainda adormecida
E à medida que o Dia acorda
e os pardais tresloucados esvoaçam de ramo a ramo,
sei-me a levitar com as brumas
vendo na minha frente
as setas amorosas emaranhadas, cor de cinza, de caruma
que os Deuses nos enviam
com o sabor salgado das espumas
.
E pergunto, então
se haverá opção
entre ti e mim,
Realidade
e Ficção
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Parque de Campismo da Praia Verde, Agosto de 1976
In:
“Poética 1”, Editorial Minerva, Lisboa, 2012; pág 397