Chuva.

Ouvi barulhos por todo o telhado.

Pingos fortes como pequenos martelos.

Não me atrevi a abrir a janela.

Sentia-me seguro dentro da minha casa.

A chuva aumentava e senti o assobio de ventos fortes.

Vinham de todas as direções.

Cheguei a pensar que o telhado sucumbiria.

O frio tomou conta do ambiente.

Sua foto umedecida insistia em sorrir.

Fiquei com medo. Lembrei dos tsunamis.

Todas iniciadas pelo desconhecido movimento da natureza.

E a minha natureza? Estava preparada.

Deixei me levar pela imaginação.

Tudo vai passar. E os pingos foram diminuindo.

Raios e trovoadas anunciavam algo impreciso.

Será que minha casa agüenta.

Na mesa um vestido seu.

Naquele baile foi o destaque. Assim como você.

A chuva voltou. A casa não resistiu.

Peguei sua foto e me embrulhei no seu vestido.

A água invadiu a casa. De repente virou canoa nas ondas do mar.

Ajoelhei-me e rezei o que havia aprendido no catecismo.

Não funcionou.Resisti por alguns bons momentos.

Um baque avisou - sua casa esta no fundo do mar.

E vi pela última vez sua fotografia.

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jaeder wiler
Enviado por jaeder wiler em 22/05/2007
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