O AMANHÃ COSTUMA SER TARDE DEMAIS
Entre sóis e sombras,
sonhos e angustiantes desafios de chuvas,
temos vivido este grande
e estranho amor,
que se vai
enegrecendo como se sempre estivesse
iminente o triste
luto.
E, se algum poeta alado
disser algum dia que as flores não murcham
e que as oníricas nuvens
não passam
– quando aos jardins
faltam os cuidados com as acetinadas peles;
e aos céus, com os incautos
sonhos –
é que nunca provou
da incomensurável intensidade, insanidade
e sofrimento de um amor
como este
que tem nos consumido,
por tanto tempo, à enferma condição
com que o vivemos.
Péricles Alves de Oliveira