Sem compromisso

Suponha que meu amor dorme, sob as cinzas,

Mas, vivo como brasas a espera de um vento

Contudo, nem há sinal de vento ou de brisas,

O sina tirana vetou, acho, todo o movimento...

Suponha que guardo carinho e as falas ternas,

Direito reservado pra tua pele e teus ouvidos;

Esperando que teu coração ordene às pernas,

Que pises em minha porta solícita, até duvido...

Suponha que o que te falta lá, aqui me sobra,

E que todo o não dito, de meu querer eu disse;

faríamos soro antiofídico com veneno da cobra,

se caso, nos picar outra vez, desamor insistisse...

suponha que a face rubra apaga com borracha,

e que o bigode vai nascer, agora, no rosto certo;

o sentimento é mais forte que o que outro acha,

mede bem a sede, que está cruzando o deserto...

suponha que o medo enfraquece sem real motivo,

posa de forte até que a coragem mostre seu viço;

suponha que viverás só essa noite aqui onde vivo,

suponha; podes supor isso tudo, sem compromisso...