Do meu sentir...

E se de borco retesei-me

é que te procurei nas madrugadas

Encharquei lençóis em olhos d'águas

E se me fiz por diante (tentei...)

é que não cessei por distante

tantas horas em tantas mágoas...

É o reflexo desse dia

É o poente dessa tarde

Doeu-me a maresia

- ocaso da Iara fria -

afogando-me no doce pranto

na secura que me aguarda

Tanto amor...

Tanta brandura...

Mas no meu peito

que já não te cabe.

Essa lisura é certa

De tecer-me ao inverso

Rasgando-me na pele

manchando-me no sangue

E no meu corpo eu disfarço

mais adiante...

- negando o que de dentro

é dor no meu peito -

É a tua faca afiada e cega.

E a minha pele que ainda arde.

Kathmandu
Enviado por Kathmandu em 16/09/2014
Reeditado em 16/09/2014
Código do texto: T4964136
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