Sonho

Estás sempre que o teu nome percorre a terra e me entra pelos poros. De cada vez chegas diferente. Umas vezes é o som que se junta ao grito e outras a tua voz que amolece e se suaviza, serena, como se uma onda assim morresse, como um suspiro, na areia clara. Sem te ver, nasces nos meus braços. Sei-te, doce, determinada, sede aberta num escuro que ocupo feito carne e força, verdade e vontade, saliva e sangue. Semente. Morremos depois, lavados em suor, quietos como a calma que cai na planície e nos pinta, cansados, de negro e mistério. Somos o tempo e a noite, neste sonho que dá eternidade ao efémero.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 15/09/2014
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