O que tira o brilho do amor?


Nem sempre um amor vivido
Segue um caminho trivial
Simples
Corriqueiro
Eu te amo
Tu me mas
E o sim
Sela uma união

O amor é meio gauche
Não segue em linha reta
Nem é sinônimo de troca de alianças
Pode ter um
“Até que a morte nos separe”
Mas....
O amor exige outras possibilidades
Bem menos convencionais
As trilhas amorosas
São cheias de armadilhas
De perigos ocultos
De artimanhas
Impostas pela vida

O amor pode ser destino
Ou desatino talvez

Quando o amor acontece
E os corações se rendem
ao bem querer
As previsibilidades viram pó
E se juntam à poeira
Do caminho
Que conduz aquele que ama
Ao encontro de outro ser
O que nos vai saciar a sede
Nos sufocar de beijos
De abraços
De ternuras
Antes apenas sonhadas

Por que o amor é um só
inteiro
É de cada coração pulsante
E somente
Quando um
Que nos habita
Se une ao outro
Andarilho
Perdido
Nas estradas da vida
É que se dá a comunhão
E a festa dos sentidos

O amor
Acontece
Sempre
Seja em que tempo for

Mas....
Ele também
Se vai
Ou se esvai
No ralo frio
Do esquecimento
Das pequenas indelicadezas
Da falta de cuidado
na ausência da verdade


O amor é claridade
Não sobrevive aos porões
da existência
nem implora clemência
de quem a ele ousou desprezar
ou o lançou no poço escuro e frio
do poema de Neruda

Não se atira um grande amor
Ao fundo do poço
Nem ao degredo
Ocasional

É na sua fragilidade aparente
que o amor vence
e convence
E brilha como Lua cheia
Em céu de inverno
Até que....
No telefonema olvidado
Nas ternuras preteridas
No aniversário esquecido
Na ausência de cuidado...


O amor vai minguando
Sumindo
Vira Lua nova

Ele continua existindo
Em mim
Ou em ti
Mas ninguém mais vê
Perdeu o brilho
E a razão de ser


Ah,as indelicadezas de cada dia....
amarilia
Enviado por amarilia em 12/09/2014
Reeditado em 16/05/2015
Código do texto: T4958896
Classificação de conteúdo: seguro