A CORRENTE DE PROMETEU
Não me arranques as palavras que tu não podes ouvir.
O que tu queres escutar, eu não posso gritar.
A sensação do beijo úmido tu já não podes sentir
E a ternura do abraço quente perdeu-se no findar.
Olhar de desejo que goteja o sangue do doloroso adeus.
O que é isso que avassala minha vida, oh Zeus?
Dor que consome o peito apaixonado,
Desafortunado.
A angústia de Prometeu assola meu coração
Embora, para essa, não há regeneração!
Águia infeliz da dor,
Por que não me arrancas d’uma vez o amor?
Vens bicando, de pedacinho em pedacinho essa tristeza que não morreu!
Piedade, ave maligna! Consome esse órgão carregando com ele o amor meu.
Não me deixe mais um dia ao sofrimento, ao horror.
Rasga-me com furor!
O fogo que descobri pairou sobre mim o eterno dissabor
De amar sem ser amado, será que tu, Prometeu, sentiste “ese dolor”?