A CORRENTE DE PROMETEU

Não me arranques as palavras que tu não podes ouvir.

O que tu queres escutar, eu não posso gritar.

A sensação do beijo úmido tu já não podes sentir

E a ternura do abraço quente perdeu-se no findar.

Olhar de desejo que goteja o sangue do doloroso adeus.

O que é isso que avassala minha vida, oh Zeus?

Dor que consome o peito apaixonado,

Desafortunado.

A angústia de Prometeu assola meu coração

Embora, para essa, não há regeneração!

Águia infeliz da dor,

Por que não me arrancas d’uma vez o amor?

Vens bicando, de pedacinho em pedacinho essa tristeza que não morreu!

Piedade, ave maligna! Consome esse órgão carregando com ele o amor meu.

Não me deixe mais um dia ao sofrimento, ao horror.

Rasga-me com furor!

O fogo que descobri pairou sobre mim o eterno dissabor

De amar sem ser amado, será que tu, Prometeu, sentiste “ese dolor”?

Anne Lima
Enviado por Anne Lima em 09/09/2014
Código do texto: T4955588
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