De repente

De repente a felicidade dá lugar a tristeza

E o que era sorriso entristece a alma

A gente desaba num soluçar

não por algo que não se conseguiu realizar

Mas pelo fato de que em nós existe a amargura da falta do amor

A falta da compreensão,

A ausência das asas que nos levam ao alto perdão

E de repente só nos restou a desilusão.

De repente a poesia chora na gente

O choro engasgado por quem

Ainda não percebeu como somos carentes.

Falta um abraço,

Um bom dia de paz,

Um sonho a realizar-se

A visita oportuna

De um amor que se foi e parece não voltar jamais.

De repente a angústia vira companhia

E as lágrimas dão lugar ao que seria alegria

Quando a gente quer apenas o bem fazer

Mas não encontra sentido muito menos para viver.

Tudo que se faz, se desfaz numa palavra

E o que é agora essa fria caminhada?

De repente sozinha sem um ombro amigo para chorar

A gente debruça no sono e nem deseja acordar.

É que talvez lá no escuro exista alguma riqueza pra nós

Dai não será preciso erguermos a voz

E a dor e as feridas que roubaram o lugar da afeição

Serão só lembranças tristes de um sofrido coração.

Lá a gente será lembrada

Lá não haverá mais erros, mais tristezas, mais nada.

Ou pra sempre se será esquecida?

É que de repente tudo foge o sentido da vida.

Paula Belmino