CRIANÇA E CORPO
Chora, criança, que dormita em mim
Que neste velho corpo, não envelheceu
Que sonha ainda com amores puros
Que vive dentro dos contos de fada.
Chora, criança, pois não entendes o mundo
Não aprendeu dos sentimentos a matemática
Se deres carinhos a todas, não recebes amor
Se pedes beijo ao conjunto real, no vazio cais.
Pobre criança, tão retardada
Vive num corpo tão sábio e douto
Que sabe estrelas no céu distante
Que sabe as células, o sangue, a mente.
Mas, pobre criança, de que te vale?
Se não aprendes como ser amado?
Se o tempo destrói tudo que o corpo sabe
E tu, criança, não aprendes a amar?