Marcado
Nessa ânsia natural, de conhecer à vida,
os pensamentos já galgaram muito chão;
confessaram-se para o Santo na ermida,
devanearam com o profano na multidão;
deixaram os rastros em terras distantes,
rasgaram céus de condor na cordilheira;
bordaram rendas para ilusórias amantes,
erraram também em catres de rameiras;
de hipócritas compraram falsos bilhetes,
ainda ingênuos acreditavam nesse bicho;
aprender errando, alto custo do macete,
pinçando utilidade qual reciclador de lixo;
enfim, pensares eram animais sem marca,
livres de qualquer peso que se lhes atrele;
até que dois olhos duma filha de monarca,
aqueceu as brasas, queimando-me a pele;
ela tem seus pensares os gostos e mundo,
quiçá, alheia ao meu amar, esteja agora;
os meus anseios inda erram, vagabundos,
mas, sempre retornam pra onde ela mora;
às vezes arruaceiros quebram as vidraças,
enfrentam a polícia, sujam-se à luz da lua;
pós ares poluídos lembram, o ar da graça,
retornam para ela, nunca dormem na rua...