ETERNA POESIA

Oh poesia! Não fujas de mim

Quis em vã tentativa

Fugir com um Querubim

Talvez a saída furtiva

Te fez refletir e ficar

Alongou teu pensamento

Ao sentir o amor fraquejar

E por alguns instantes

O anjo começou a pensar:

"Como um poeta matreiro,

Sem saber qual palavra usar

Dá significado verdadeiro

Aos derivados do verbo amar?"

Imaginou primeiramente:

"És cego! Louco e demente!

Se necessário ele até mente!

Julgam-o especialista da comoção

Das próprias palavras é um mártir

Utiliza-se apenas da inspiração

E ainda não deseja comigo partir?"

A poesia em dúvida permanece

Sem ação. Parada. Não se move

O anjo frustrado se entristece

Porém, percebe e logo se comove

Por mais que se dedique

De joelhos nus implore

Ou caído fique no chão

Tenta ainda pedir compaixão

Poesia compreende sua súplica

Ela, menina sapeca que és

Quer sair. Desejou, mas não peca

Comprometida, ama seu poeta

A poesia por isso sabiamente

Encontrará com ele facilmente

Os complexos caminhos do coração

E seguindo apenas sua intuição

A poesia diz: "amo meu poeta"

E somente o poeta

Consegue amar a poesia

Ambos vivem em perfeita sintonia

Não esconde esse amor do Querubim

Do mesmo modo que Romeu

Por Julieta amou até seu fim

Shakeaspeare já sabia e preveu

A poesia não trocou a emoção

Pela razão do Querubim

Ela é a formosa Julieta

Sem saber que ages assim

Então a versificada menina

Que não tira o poeta da mente

Em meus braços se aninha

E entrega-se completamente

Lágrimas. Deslizam pelas faces

Sorrisos. Vivemos muitos fases

Juntos nascemos e juntos ficaremos

Que assim seja até o fim dos tempos

José Luís de Freitas
Enviado por José Luís de Freitas em 21/05/2007
Código do texto: T494830
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