ETERNA POESIA
Oh poesia! Não fujas de mim
Quis em vã tentativa
Fugir com um Querubim
Talvez a saída furtiva
Te fez refletir e ficar
Alongou teu pensamento
Ao sentir o amor fraquejar
E por alguns instantes
O anjo começou a pensar:
"Como um poeta matreiro,
Sem saber qual palavra usar
Dá significado verdadeiro
Aos derivados do verbo amar?"
Imaginou primeiramente:
"És cego! Louco e demente!
Se necessário ele até mente!
Julgam-o especialista da comoção
Das próprias palavras é um mártir
Utiliza-se apenas da inspiração
E ainda não deseja comigo partir?"
A poesia em dúvida permanece
Sem ação. Parada. Não se move
O anjo frustrado se entristece
Porém, percebe e logo se comove
Por mais que se dedique
De joelhos nus implore
Ou caído fique no chão
Tenta ainda pedir compaixão
Poesia compreende sua súplica
Ela, menina sapeca que és
Quer sair. Desejou, mas não peca
Comprometida, ama seu poeta
A poesia por isso sabiamente
Encontrará com ele facilmente
Os complexos caminhos do coração
E seguindo apenas sua intuição
A poesia diz: "amo meu poeta"
E somente o poeta
Consegue amar a poesia
Ambos vivem em perfeita sintonia
Não esconde esse amor do Querubim
Do mesmo modo que Romeu
Por Julieta amou até seu fim
Shakeaspeare já sabia e preveu
A poesia não trocou a emoção
Pela razão do Querubim
Ela é a formosa Julieta
Sem saber que ages assim
Então a versificada menina
Que não tira o poeta da mente
Em meus braços se aninha
E entrega-se completamente
Lágrimas. Deslizam pelas faces
Sorrisos. Vivemos muitos fases
Juntos nascemos e juntos ficaremos
Que assim seja até o fim dos tempos