ETERNA MÃE
Ele a perdera estando ausente,
mas numa noite, meio enlouquecido,
talvez pelo remorso de sua
covardia,
quis encontrá-la novamente,
e a qualquer custo; então saiu desnudado
pelas rua, sob uma suave
noite escura.
Acima, havia a lua
a contemplar, de esguelha, a estranha cena
e as estrelas se escondiam detrás
das encharcadas nuvens.
Agora era ele,
com seus 45 anos surrados,
cansado e à sua procura
dela: a perdida luz;
e viu, ao longe,
enormes montes, em cujos itinerários
haviam ainda mais sombras
e abismos vazios.
Não era corredor,
muito menos tinha a força de outrora,
mas ainda assim pôs-se
correndo a curso;
ao caminho,
havia pedras e fantasmas terríveis
que lhe atravessavam
o caminho.
Quase, quase esvaído,
pôs-se a cair uma espessa chuva,
como que em doloroso choro
vindo dos céus;
e sob a chuva
– salgada – uma voz ressoou-lhe
candidamente:
“Por que te sofres
tanto e por que me procuras,
se – mesmo daqui de tão longe –
sempre estive com você,
meu filho.”
P.S. Obrigado por tudo, mãe.