Incômoda Aberração

Se ela usa um sorriso infantil,

É que a chata não viu que há um modo de rir.

Se ela veste uma roupa vulgar,

Não é pra contrariar e nem pra se exibir.

Se ela fala de um jeito infeliz,

É que nunca ela diz o que está em vigor.

E se age tão fora de moda,

É porque se incomoda com coisas de amor.

Ela dá sem querer receber

E dá raiva saber que ela acha normal.

Ela, em tudo, é incompatível.

Não é mais possível haver gente igual.

Ela é mestre em nos assustar

Com seu modo estranho de agir:

Faz questão de querer escutar

Quem não quer lhe ouvir.

Eu não sei se assim posso explicar

Esse tipo de aberração:

Ela é tudo que vem pra ficar

Só na imaginação.

Rio, 05/09/1977